domingo, 2 de janeiro de 2011

as máscaras sociais

O absurdo essencial da alma do ser: essa mistura de focos, perpectivas e necessidades da imagem a ser gerada de que se é, em contrapartida com o que se parece ser.
Essa necessidade absurda de se criar essa aura mágica de perfeição ao torno, de gerar em si essa incógnita do mistério e exibir, de fora pra dentro, uma máscara que lho torna isso ou aquele isto social, um detalhe que se perde e cai profundo na mente do outro, onde uma nova porta, que jamais existiu, é criada; o enigma do efeito das redes sociais nas pessoas, o que se faz a prol de uma falsa imagem; a vaidade como o pecado favorito de milhões de indivíduos, fechados em sua faceta singular e sem multiplicidade, gerando em si mesmo uma sensação, baseada na ilusão desses objetos virtuais. Quem tem foto com careta? E sem manipulação no f
photoshop? Quem tem uma briga com o namorado em público? Pois é, tudo tolice, porque é lei: um dia a máscara sempre cai.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Morreu o rapaz da rua de baixo...

A regra social diz o que? Devemos nos sentir mal pelo falecimento pessoa, devemos ficar tristes pois é uma despedida, nunca mais a veremos. Bem verdade que nossas emoções serão tocadas, que até choraremos...   isso é o natural. Mas é a época que vemos a hipocrisia ir ao extremo também. Começam a aparecer pessoas que mal falavam com aquele que morreu, que não o convidavam para sair, nem realmente se importavam se ele ia; que não faziam a mínima questão de telefonar, mesmo que muito de vez em quando, de lembrar desse alguém que parte, quando era vivo, mas depois que a pessoa falece, toda essa atenção pra ela. É muito complicado... é aí que vemos esses "amigos" chorarem, contarem histórias, se arrependerem disso e daquilo que fizeram contra o finado, e tem gente que até inventa que teve o que não teve, vejam só. E vemos as pessoas se olhando como mais humanas - uma doce ilusão criada pelo horror que a alma humana tem da morte - mais sensíveis, mais participativas do "comboio social", tudo surje em prol do finado, para prestar tributo a alguém querido que se foi. Mas em vida, ninguém prestava tributo a ele, e essa multidão de gente se aproveitando, pelas beiradinhas, do falecimento, pra conseguir uma pontinha de atenção, segue erguendo suas velas falsas, contando suas histórias que nunca antes foram importantes, agindo como se o mundo fosse acabar porque alguém falece... e no dia seguinte, elas não farão luto, exceto em suas redes sociais; e na semana seguinte, se houver uma festa, elas irão! Pose, e mais pose. Uma falta de respeito total com as pessoas que realmente amavam aquele que falece e que estiveram lá, presentes do lado dele, mesmo que distantes, mas que sempre tinham uma gota de sangue a ele.
No fundo, o que essas pessoas aleatórias que só servem pra rechear velório choram é essa sensação de termitude, de finitude que a morte de alguém dá, ainda mais alguém da nossa geração, mostrando que não somos imortais e tendo uma prova ciêntifica disso, jogada nas nossas caras! E isso faz-nos temer o que não vivemos ainda, ter medo de como não queríamos ser aquele que parte e de tudo que perderíamos, se nos acontecesse tal fatalidade. O medo de que tudo termina, a certeza posta à mesa e nós de frente para nós mesmos, enfrentando um fato que ignoramos quase o tempo todo: que tudo que nasce, morre; que essa é a regra natural da vida. É o tipo de pessoa que não chora de saudade, mas remoe de desgosto; que não presta tributo em vida, mas veste a máscara da hipocrisia na morte, tentando provar que se importa com algo a mais que si mesmo. É o tributo ao arrependimento, não à transformação do corpo em algo maior, uma elevação de consciência, e mesmo para os ateus, o completar do ciclo.
Por isso os velórios são tristes, e deviam ser saudosos; por isso, pessoas que morrem só fazem falta no momento que se vão, e logo são levadas pela areia do tempo. Só quem compreende realmente seu próprio medo da morte pode entrar num velório e olhar o morto de frente, e olhar a situação de frente, e ser adequado. E se colocar em seu lugar, principalmente. Porque, depois que a pessoa morre, é tarde demais para amor ou desculpas... não adianta mais.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Vergonha alheia na festinha bla bla bla

Pra quem não conhece industrial dance, no fim do post vai um vídeo com um rapaz e uma guria dançando. É basicamente uma dança na qual se move os braços (principalmente) ao som do estilo Industrial e EBM; as pernas acompanham, marcando a batida mais grave. Não sei direito se é meio que uma modalidade nova de dança, mas em clipes como Oxidising Angel do Blutengel já aparece gente dançando... talvez não tenha muito tempo que tenham colocado nome. No entanto, pra quem conhece e curte o som, é a reação mais natural possível às batidas de EBM e Industrial, os movimentos vem naturalmente e encaixam lindamente, da mesma forma que se uma música clássica for colocada, a tendência da maioria das pessoas vai ser fazer umas pernas-de-pauzices de ballet.
Acontece que parece que é tendência no Rio gente random e gente poser que não sabe seu lugar. Todo mundo tem o direito de ir na festa que quiser, mas cada um que seja você mesmo, sabe... Fingir que conhece ou que gosta de uma coisa é muito feio, colega! Pois é... eu parada, de costas pro DJ, numa posiçãozinha bem gostosamente privilegiada escuto, pro meu prazer, o que? Navigator!! Eu conheço com a Contanze Rudent como Cinderella Effect, com o Chris Pohl não tinha ouvido ainda. E logo aqueles movimentos todos começam a emergir... eu com a minha bolsinha linda e inconveniente penturada no braço (não cabe no ombro), e pan-pan, prum lado e pro outro, e a cabeça, que nem uma doente. Menos de 30 segundos depois, eu vejo, pra minha suspresa, que 3 caras estão imitando - literalmente imitando, tipo aula de axé! - e de que maneira mal-feita. Vergonha alheia naquele momento, fiz uma força danada pra não parar e largar de lado. As pessoas não conheciam as músicas, tavam perdidas... não sabiam as paradinhas, ficaram viajando loucamente, muita gente dando gritinho pra música que nunca tinha ouvido na vida... Olha, eu sei que quem ver o vídeo vai achar "dança idiota, quem nã dança essa merda?" mas as coisas nem são tão simples assim. Experimenta fazer sem ninguém na tua frente fazendo junto, vê se não fica medonho, você fica igualzinho o bonecão do posto. Você pode achar que está dançando, mas nó máximo estará espalhando ar. E eu danço outras coisas... mesmo assim pratiquei algumas vezes antes de arriscar fazer fora de casa. Imagina uma pessoa que nem nunca assistiu pelo menos um vídeo... deu medo, sério. Pelo menos fez ventinho pra mim e se tinha algum mosquito se aproveitando oportinisticamente da muvuca, ralou logo pra não tomar um tapão.
Pow, mano, se você vai num especial Blutengel e não conhece Blutengel, tá beleza, pode ser... mas você vai, finge que conhece, finge que gosta, e finge que dança... caricato pra qualquer um que entendesse o que estava acontecendo. Acontece que quase ninguém entendeu. Bem vindos à cena gótica do Rio de Janeiro.


http://www.youtube.com/watch?v=cNAdtkSjSps